A volatilidade do Real e o aquecimento da demanda interna mantem os preços do milho estáveis no mercado interno.
Diante da forte desvalorização do Real frente ao Dólar, os preços do milho mantiveram estabilidade no mercado interno durante a semana. Foram poucos negócios realizados e, com o fechamento do ano, as fábricas brasileiras preferem a manutenção preventiva de suas estruturas à ir comprar no mercado, com isto, promovem férias coletivas para os funcionários no ciclo das festas natalinas.
A demanda de milho está bastante concentrada no mercado interno, que mantem preços mais atrativos que os preços praticados no mercado externo, superando as expectativas dos vendedores com os preços mais atrativos nos últimos meses, levando o Brasil a exportar menos em 2024. Em comparação com 2023, o Brasil exportou 33,80% menos, ficando em 37 milhões de toneladas o total exportado em 2024, contra as 55.89 milhões de toneladas em 2023.
Motivos para a redução das exportações:
1 - Menor safra: o Brasil colheu 12,3% menos que na safra 2022/2023, ficando em aproximadamente 115,7 milhões de toneladas na safra 2023.2024.
2 - Preços: na safra 2022/2023, os preços das exportações ficaram, em média, US$ 244 por tonelada FOB, já na safra 2023/2024 os preços médios caíram para US$ 205 por tonelada FOB, ficando 16% abaixo comparando uma safra com a outra e entre os períodos de janeiro a novembro de cada ano.
3 - Demanda interna: com os preços menos atrativos no mercado externo e a demanda no mercado interno aquecida, o vendedor preferiu vender o milho no mercado interno. Se comparar os preços ao produtor de dezembro de 2023 com os preços atuais, em algumas regiões há um incremento de 13,5% nos preços correntes, Já os preços para as industrias superam os R$ 75,00 a saca de 60 quilogramas sem impostos e, com impostos, o preço final pode chegar aproximadamente R$ 90,00 a saca de 60 quilogramas. O motivo do aumento nos preços e custos se deve a maior quantidade comprada ser oriunda do Estado do Mato Grosso, encarecendo o custo com o aumento do frete e do imposto interestadual (ICMS).
O que esperar de 2025?
Exportações: com projeção de uma safra de aproximadamente 127 milhões de toneladas e com o Dólar futuro podendo chegar a R$ 6,50, os preços podem tornar-se um componente importante para o aumento das exportações, havendo um incremento de aproximadamente 30%, chegando a 48 milhões de toneladas a serem exportadas pelo Brasil.
Consumo: com o consumo interno estagnado em aproximadamente 83,50 milhões de toneladas, a demanda interna manter-se-á aquecida provocando um aumento na concorrência com a exportação, podendo ser um fator importante para aumento de preços e prêmios.
Manejo: o Brasil pode ter perdas na produtividade significativas em algumas regiões, especialmente com o aumento da cigarrinha do milho nas lavouras e um aumento nos custos de manutenção das lavouras, cuja maior dificuldade é o manejo de defensivos (químicos ou biológicos) no combate as infestações do inseto devido a acessibilidade a plantações que, notadamente, possuem altura superior a da soja.
Clima: o clima está sob a influência da transição climática do "el Niño" para a "la Niña", podendo manter-se "neutro" até o outono brasileiro, o que não trás alterações significativas na influência do clima nas diversas regiões da produção do milho no Brasil, pelo contrário, podendo ser um ano especial para uma safra cheia. Mais ao sul, o clima é chuvoso e a temperatura amena, com picos de baixas temperaturas à noite e aumento da temperatura e irradiação solar durante o dia, sendo o clima perfeito para o desenvolvimento da cultura do milho e, se, o clima manter-se neutro até julho de 2025, período em que começa a colheita no Mato Grosso, certamente teremos uma produção cheia para a safrinha, o que aumentará a disponibilidade do produto no mercado.
Produção mundial: a produção mundial será de 1.219 milhões de toneladas, 10 milhões de toneladas abaixo da safra anterior e, os Estados Unidos, produzindo aproximadamente 5 milhões de toneladas abaixo da safra anterior, ficando em 384.64 milhões de toneladas, porém, mantendo as expectativas das exportações em 59 milhões de toneladas.
Consumo mundial: em seu último relatório, o USDA reportou uma estagnação nas exportações mundiais ficando nos mesmos patamares da safra anterior, em aproximadamente 193 milhões de toneladas e, para um consumo interno em nível mundial projetado em 1.237,66 milhões de toneladas, cerca de 20 milhões de toneladas superior a safra 2022/2023. Ao comparar o consumo mundial com o consumo da China será de 313 milhões de toneladas, porém sua produção própria terá um incremento de 4 milhões de toneladas, ficando em 292 milhões de toneladas na atual safra. Com importações menores, cerca de 14 milhões de toneladas, a China reduzirá seus estoques finais em 7 milhões de toneladas, ficando seus estoques finais em 204,27 milhões de toneladas.
Estoques finais: haverá uma redução dos estoques mundiais de 316,22 milhões de toneladas para 296,44 milhões de toneladas, ou seja, uma redução de aproximadamente 20 milhões de toneladas, ficando assim projetados:
Estados Unidos: de 44,72 para 44,15 (estagnado)
China: de 211,29 para 204,7 (redução)
Brasil: de 7,84 para 2,84 (redução)
Argentina: de 4,89 para 2,79 (redução)
Considerações:
O USDA prevê que os estoques de Brasil e Argentina estarão abaixo do ano safra anterior e o departamento americano prevê que os Estados Unidos aumentarão seu programa de exportações de 58,23 milhões de toneladas para 62.87 milhões de toneladas e, com isto, aumentando a oferta para o mercado mercado externo. Já para a China, prevê-se uma redução nos estoques finais, em comparação com a safa anterior, voltando a seus patamares normais de estoques de passagem. Se a China decidir aumentar seus estoques finais, esta medida poderá virar um componente importante para a manutenção e/ou aumento da demanda por milho, acirrando ainda mais a concorrência mundial, com potencial incremento nos preços do produto.
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